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Mais uma data se aproxima, e que data.
É aquela que uns odeiam e veem nos militares os farsantes que lhes desfizeram a cama.
Pela primeira vez os militares de Abril não comparecem ao toque de formatura. Não estão para hipocrisias dirão eles - como os compreendo. Outros afirmam que devem sujar a memória e entrar na farsa. Os políticos que se serviram da ingenuidade dos militares para assaltar o poder e de lá com acento de veludo, desbaratar as parcas riquezas deste país sempre utilizaram os militares como bode de expiatório. Mas estamos a virar uma página. No dia em que eles faziam de corpo presente e não eram os protagonistas. E apesar dos belos discursos de ocasião e sem sentido. Mesmo apesar de os protagonistas estarem quedos e silenciosos eram o foco dos holofotes. E os políticos não gostam disso. Têm vergonha da imagem refletida nos ideais daqueles rostos que sonharam ainda na juventude e que veem que a democracia os atraiçoou.
Desta vez os militares faltam a ordem unida e mesmo com o protagonismo da ação. É dos saudosistas e dos cús de veludo a última e definitiva palavra e será deles o proveito.
Basta uma pequena sondagem de rua para percebermos a vergonha de alguns pelo que foi feito há aproximadamente 38 anos e a razão. Esbatida na ignorância das massas.
Dizem Opinion Maker encartados que a história não se deve fazer com os vivos. Como se a história tivesse estados moribundos. É com os vidos e dos vivos, ou dos seus atos que a história se constrói tijolo a tijolo. Querem eles dizer, que os mortos não podem fazer contraditório… E assim a história dos vivos. Como a história das guerras. São os vencedores os maestros.
Mas é nos dias de hoje que é dada a voz a tantos que veem nos militares o fim do que julgavam eterno. Basta dar uma rápida passagem pelas caixas de comentários nas notícias referentes a ausência dos militares nas comemorações para avaliar os saudosistas. Perceber como odeiam quem acabou a sua bem-amada ditadura. Daqueles que durante e nalguns tempos seguintes mantiveram-se debaixo da pedra para onde a sua cobardia os impulsionou. Não tiveram coragem para se contrapor. Porque não eram de brandos costumes, eram os cobardes que hoje já zurram bem alto.
É fácil e até reconfortante odiar quem o fez. Não reconhecer mérito e ingenuidade a quem abriu a porta a esta cáfila de ressabiados dos tempos em que os militares iam morrer para uma África para defender a cambada de negreiros odiosos de pretos. Esses negreiros ainda hoje sonham com o mainato que espancavam a seu belo prazer e traziam submisso e faminto. Faminto de vários bens. Da liberdade que eles não só lhes negaram como hoje zurram contra os da mesma cor que se fartaram de morrer, lá longe para defender esse bando de canalhas. O odio hoje é contra os militares que tiveram a ousadia de se livrar do jugo de defender pérfidas criaturas. Podia ser contra outros, contra uma pedra, uma árvore. Não interessa que eles só sabem odiar e foi a odiar que viraram o preto contra. Foi o seu odio de estimação que provocou tudo. Mas eles só sabem odiar. Hoje é dos, que deles se livraram mas que lhes abriram uma porta para fugirem das suas tropelias. Poderiam ter lá ficado. Mas o odio e o medo do passado empurrou-os para o puto.
A esses, hoje saiu-lhes a sorte grande porque aos militares que eles odeiam, juntou-se oportunisticamente alguém que eles ainda odeiam mais, o rosto da descolonização.
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