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É fácil votar sim e descarregar a responsabilidade na mulher.
É fácil numa noite de copos, num momento de loucura tórrida o momento de paixão, a química e depois de alguma troca de fluidos o que não se previu acontece. É problema dela. Ela que aborte. O problema nunca é a dois.
É fácil votar sim e gritar, depois; é o fim da pobreza. Depois e muito depois ou nunca a luta contra a falta de cultura, a incapacidade de educar os filhos, o olhar o futuro e não ver o horizonte de esperança. Que futuro espera os nossos filhos? E nós?
Mas entretanto fecham-se escolas, centros de saúde, maternidades, hospitais. Morrem pessoas por falta de assistência. Mas aí não se pode gastar dinheiro. A situação é grave a saúde e a educação estão em rotura financeira. Mas venham clínicas de aborto.
Mas, sim eu quero ter a assistência dos ricos a escola dos ricos. Também ir ao hospital e não ter lista de espera. É isso, quero tanto, mas fico pelo referendo e a promessa de uma clínica de aborto a preços módicos. Sempre é um consolo numa troca de fluidos ocasional a garantia que o aborto é pago por quem não tem assistência na saúde.
É fácil votar sim mesmo sabendo que a nova moldura penal vai trazer alterações à questão referendada.
É fácil referendar uma questão marginal.
Por isso votemos. O voto é nosso mas seja qual for o sentido não resolverá os problemas de fundo.
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